Viu-se um vulto negro se formar sobre a rua deserta. Era ela que voltava de mais de um de seus eternos devaneios, a busca de algo melhor para si. A lua cheia refletia seus olhos afundados num eterno mistério, sem demonstrar a profundidade real de seus sentimentos.
Ouvia-se apenas seus passos apressados, em seu salto agulha negro. Sua pele branca reluzia através do vestido também negro, coberto por um sobretudo, amparando suas pernas longas e brancas. O vento se fez mais forte, perturbando-lhes os cabelos ruivos e ondulados. Fez-se um emaranhado de ondas avermelhadas com o fulgor da escuridão que ali habitava.
Seus olhos corriam pelos lados, procurando por alguém, na expectativa de, talvez, ser esperada por algum estranho. Mas nada. A rua parecia mortificada com sua exuberante beleza. Na sua bolsa, apenas uma caneta, papéis, um remédio, e duas fotografias. Estas ultimas a faziam mal. Foi o que se percebeu quando trouxe-as às mãos. Foi o único momento que pareceu vacilar.
Seu ar de mistério e altivez, deu lugar à tristeza que se fez pelas perdas que a fizeram à sua maneira. Olhou-as, trazendo à mente mais tristeza, pois duas lágrimas rolaram de seu rosto pálido. Mais adiante havia uma lixeira. Pegou as fotos, rasgou-as no meio e jogou fora. Só se viu uma ultima lágrima a rolar de seus olhos, mais uma vez sombrios. Na lixeira, estava um casal cortado ao meio, cujos nomes ninguém saberia ao certo, já que a morte carregara para si um dos dois.
A dama seguiu em seu caminho enquanto a lua insistia, por fim, em iluminar as trevas que se fizeram em seu interior. Talvez por teimosia ou mesmo por piedade em fazer daquela que agora perdera um pedaço de seu coração, uma pessoa um pouco menos incompleta, sugerindo-lhes a luz em contraposição com a negritude que habitava seu coração.
Por : Isabela Santiago
noss adorei seu texto,perfeitamente perfeito (:
ResponderExcluirfã dos seus "romances" postados aki no blog,escreve mtoo bem..
www.diferenteu.blogspot.com