Desenrola (Capitulo V)


- Mel, amor, posso dormir com você hoje?
Eu tava meio zonza, tinha acabado de acordar no colo dele.
- Oi?
- Posso dormir com você?
Nunca tinham me perguntado isso antes. Fiquei meio que extática ao pensar no duplo sentido que poderia haver naquele pedido.
- Não sei, eu acho que é muito cedo pra isso e...
- Não estou pedindo para dormir nesse sentido. Só queria dormir contigo, pra poder ver você sonhando. Eu prometo ficar quietinho, enquanto você dorme. Não vou te atrapalhar, mas se você quiser eu durmo aqui mesmo no sofá. É que tá meio tarde...
- Não tem problema, Rê. Se for assim, você pode dormir comigo. Só deixa eu trocar de roupa, tá? Mas e você? Vai dormir como?
- Tava pensando em... dormir de cueca e camiseta, se não te incomodar. É que eu durmo assim...
Aquela maldita chama fez meu rosto arder mais uma vez, mas desisti. Era bom demais pra ser verdade, mas o que me custava experimentar dormir ao lado de quem eu me fazia bem?
- Eu te dou um lençol e um travesseiro, e você dorme lá na cama.
Vasculhei o guarda-roupa em busca de meu pijama. Mas que droga! Ele tava lavando. O mais novo que eu tinha estava lavando! Revirei todas as gavetas, e a unica coisa que encontrei foi um shortdoll curtíssimo. Não, eu não faria aquilo. Não era possível que... Mas não me restava alternativas, nenhuma calça, moletom, nada! Lá fui eu para o banheiro, me sentindo mortificada pela vergonha que iria passar, afinal, um corpo como o meu jamais deveria existir e muito menos aparecer em trajes tão a mostra.
Escovei meus dentes, lavei meu rosto e penteei o meu cabelo. Tudo que sempre fizera. Mas o medo se evidenciava em meus olhos. Porque tudo tinha que ser tão estupidamente difícil comigo?
Ao abrir a porta, lá estava ele, na cama, sentado de costas, sem blusa. Porque eu deixara que isso acontecesse?
Entrei na ponta dos pés, para que ele não pudesse me ver, mas ele tinha ouvidos bons e virou-se rapidamente antes que eu pudesse me esconder debaixo do lençol.
- Isso tudo é pra mim?
- Pare com isso, eu já estou sem graça o suficiente por não ter encontrado meu querido pijama.
- Hum... sei, aposto que se vestiu assim só pra me provocar...
Eu odiava aquele tom de malícia dele, mas era tão provocante, que sempre me deixei levar.
- Não foi nada! Eu odeio ter que me vestir em roupas tão curtas, nunca me sinto a vontade assim, ainda mais com...
Ele parou por um momento na expectativa do que eu iria dizer
- ... com você aqui, e ainda na minha cama.
- Eu posso dormir no sofá se você quiser...
- Não quero te destratar, só quero que as coisas corram mais devagar entre nós, entende?
- Sim, mas eu não estou querendo nada. Só dormir do seu ladinho, nada mais. Prometo.
- Dá pra você continuar virado até eu me deitar?
- Porque?
- Eu me sinto péssima quando alguém me vê de short.
- Mas você fica tão linda...
- Por favor...
- Tá, eu viro.
Deitei ao seu lado e peguei meu terço que ficava sobre minha cabeceira. Não consegui me concentrar muito, pois seu calor irradiava sobre a cama. Incrível o poder que uma pessoa tem de mexer com as outras. Incrível como eu consigo ser mexida por elas. Pus o terço debaixo do meu travesseiro e encostei em suas costas nuas.
- Tudo bem?
- Posso olhar pra você agora?
- Que jeito?!
- Não entendo porque você se desvaloriza tanto, Mel. Pra mim você é perfeita.
- Você sabe que pra mim você é o mesmo, né?
Ele pegou meu queixo de leve e afagou meu rosto, tão gentil, tão macio, que fechei meus olhos.
Ele virou meu corpo para o outro lado, para que pudesse ficar de costas para ele.
Seu corpo era tão, quente. Ele era tão lindo.
E foi aquele calor que me fez dormir tão depressa naquela noite.
Quando a luz começou a desapontar na janela, acordei. Seu braço pesado, contornava minha cintura e ele a segurava como se estivesse preso a ela, com medo de que eu fugisse dali.
Virei meu corpo para poder vê-lo dormindo.
Ele era tão magicamente perfeito, mesmo com os olhos que eu tanto amava fechados.
Afaguei-lhes os cabelos levemente, descendo por entre seu rosto e sua boca.
Era tão lindo acordar com quem a gente ama, nunca esperei que isso acontecesse comigo, mas estava ali, diante de meus olhos.
- Oi, minha princesa.
- Oi, meu príncipe haha
- O que você tanto olha?
- O quanto eu tenho sorte.
- É? Com o que?
- Em te ter em meus braços.
- Hum... pois então pode contar com essa sorte pra sempre, porque eu sou todo seu, pra sempre.

Porque as pessoas fazem promessas se não as cumprem?
Era o que eu me perguntaria, tempos depois.

Postado por: Isabela Santiago
Isabela Santiago 16 anos, vários desejos e sonhos e muito pra dizer pra caber nesse pequeno espaço. Aqui no blog faço contos e textos. Prazer, Isabela. :)

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