Nunca pensei um dia chegar e te ouvir dizer:
"Não é por mal, mas vou te fazer chorar...
Hoje vou te fazer chorar"
Passaram alguns dias e Maysa foi aos poucos se acostumando com a recente solteirice.
- Oi Ju, tá bem?
- Tô sim, e você?
- Me recuperando, né... Mas enfim. Bora sair hoje a noite? Vai ter uma festa de um conhecido meu e ele me deu uns convites. Já falei com a Fernanda e a Rebeca, só falta você pra completar o quarteto fantástico.
- Assim.. Eu já tinha combinado de sair com uma pessoa hoje...
- Não seja por isso. Tem convite pros acompanhantes das minhas amigas também.
- Tem certeza que não tem problema, Isa?
- Não. A Nanda vai levar o Felipe, mas a Rebs vai ficar do lado das solteiras.
- Partiu, então!
Maysa turbinou a maquiagem que deixou os olhos verdes ainda mais evidentes, mas preferiu um tom neutro para os lábios. Borrifou com delicadeza um pouco da fragrância laguna, vestiu uma calça jeans escura e uma blusa dourada com as costas nuas. Queria o máximo de conforto para poder se acabar na pista de dança. Dançar era a unica coisa que queria de verdade naquele momento.
Deu um beijo estalado na bochecha do irmão antes de sair.
As garotas combinaram o encontro na frente da boate. Maysa e Rebeca chegaram juntas, seguidas de Nanda e seu namorado. A surpresa foi quando Julia chegou acompanhada.
- Boa noite, gente. - disse timidamente a loira.
- Olá, todo mundo! - falou animadamente o rapaz que segurava sua mão.
- André? - exclamou Maysa.
- Isa? Que bom te ver de novo! - ele soltou a mão de Júlia e deu um forte abraço em Maysa.
- Nossa, Ju! Porque tu não me contou que seu acompanhante era o André?
- Eu fiquei na dúvida se você ia lembrar dele...
- E como eu iria esquecer um deus do ébano desses?
- Isa, a Júlia tá ficando sem graça... - cochichou Rebeca no ouvido da amiga.
- Sorry. - ela respondeu baixinho - Mas então, vamos entrar?
Dentro da boate, Maysa guiou os amigos até o andar superior onde ficava uma área restrita aos convidados de Carlos Eduardo ou Cadu, o aniversariante e dono da festa.
- Oi Cadu! Trouxe uns amigos. Espero que não tenha problema.
- Claro que não, minha gata. Fiquem a vontade, por favor.
- Trouxe um presentinho. - disse Maysa, entregando-lhe uma caixinha preta envolta num laço de fita cinza.
- Um rolex? Não precisava, Isa! - exclamou o rapaz, colocando o relógio no pulso esquerdo.
- Você gostou, Cadu?
- Vindo de você não tem como gostar. Mas eu realmente estou impressionado com o seu bom gosto. - disse puxando a garota para perto de si. - Mas você sabe que sua presença é muito mais importante do que qualquer presente, não é?
- Que isso, Cadu. Você é um querido! - quando Maysa tentou lhe dar um beijo na bochecha, Cadu desviou o rosto para que ela encostasse em seus lábios. - Opa! Vamos com calma, gato. A noite tá só começando.
Maysa só não percebeu que isso deixou o rapaz ainda mais aceso.
- Bom saber... Já volto pra te fazer companhia, gata. - e saiu acenando para os convidados que chegavam.
- Maysa, o que foi isso? - perguntou Rebeca com os olhos arregalados.
- Ah, meu namoradinho de infância. Coitado. Acha que ainda tem chance. Mas eu gosto dele, é super gente boa. Só é insistente demais.
- Uau! Queria um desses na minha cola!
Cadu era alto, tinha o corpo malhado e os ombros largos, além de um sorriso de tirar o fôlego.
- Isa, olha só quem tá aqui! - cochichou Rebeca apontando para o rapaz que se aproximava.
Era Eduardo. Maysa virou de costas e começou a dançar, fingindo não estar nem um pouco abalada com sua presença.
- Rebs, vou descer pra pista de dança, bora?
- Agora!
As duas desceram e foram direto para a pista. A música estava alta e Maysa deixou o corpo ser guiado pela batida. Não queria pensar, não queria sentir. Só dançar. Deixou seu corpo livre.
- Docinho, posso dançar contigo? - disse Cadu, se aproximando.
- Já tava te procurando.
- É mesmo? Que bom porque hoje eu tô afim de dançar.
Maysa aproveitou para se jogar na dança. O rapaz tinha ritmo e seus corpos iam se aproximando. Rebeca subiu de volta para o espaço de cima e deixou a amiga sozinha com o rapaz.
Porém, ao ficar frente a frente com o ex decidiu partir pra cima de Cadu.
Sensualizou de costas para Eduardo e de frente pra ele.
- Você tá demais hoje, Isa.
- Você não viu nada, meu bem. - ela enlaçou os braços ao redor do pescoço do rapaz, enquanto rebolava de costas para Eduardo.
Finalmente, ele agarrou Maysa pela cintura e roubou-lhe um beijo que, pouco ao pouco, foi sendo retribuído. Enquanto uma mão acariciava com força a nuca, a outra descia pela cintura dela, aproximando do bumbum.
- O que é isso aqui? - berrou Eduardo separando os dois.
- Ei, rapaz. Quem você pensa que é pra fazer isso?
- Sou o namorado dela! - Eduardo puxou com força o braço de Maysa para seu lado.
- Epa! Namorado? Não, não, queridinho. EX! EX-NAMORADO!
- Ah, ex-namorado e tá se achando no direito de tratar a gata desse jeito?
- Maysa, por favor. Você nem me deu oportunidade de...
- De que? De que, pelo amor de Deus? Você pediu um tempo, lembra? UM TEMPO! Agora faça o favor e me deixa em paz.
- Isso aí, cara. Deixa a minha gata em paz!
- Sua gata? - vociferou Eduardo.
- Sim, minha gata. Algum problema?
Eduardo levantou o punho para bater em Cadu, mas ele foi mais rápido e deu-lhe uma gravata no pescoço.
- Essa festa é minha e você tá atrapalhando, agora faça o favor de calar essa boca e dar o fora! - disse Cadu, empurrando o rapaz para fora.
Envergonhado ele saiu rapidamente de cabeça baixa.
- Bem, onde a gente parou?
- Desculpa, Cadu. Eu... Eu preciso... Dá licença. - respondeu saindo porta afora. - Edu! Edu, espera!
- Desculpa, eu sei que não tenho o direito de interferir na sua vida. Eu nem sei porque fiz aquilo!
- Não sabe mesmo? - questionou Maysa.
- Quer saber? Sei sim. Porque eu tenho ciúmes de você! Satisfeita?
- Bastante. Uma pena é que isso não vai me fazer voltar atrás na minha decisão.
- Porque não?
- Porque eu não sou boa o bastante pra você. Porque eu nunca vou ser a mulher que você sonha. Porque eu te conheço o bastante pra saber que você nunca vai estar satisfeito com o que eu sou. - enquanto falava, algumas lágrimas foram descendo pelo rosto de Maysa, que tentava ao máximo manter a pose de durona. - E eu não te julgo por isso. Mas eu não posso mudar o que eu sou. E eu não posso mudar o que você é. Entende? Eu te agradeço pelos bons momentos que a gente viveu juntos, mas acho que chegou ao fim. Desculpa.
Enquanto Maysa voltava para a festa, Eduardo tentava esconder a lágrima que teimava em escorrer.
... Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais ...
Continua...
Wow! Estou adorando essa história!
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