Desencontros do amor (capitulo IX)

 
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Marina recebeu, trêmula a notícia de que o namorado tinha sofrido um terrível acidente de moto. Sem esperar por nada, pegou seu casaco e se dirigiu para o hospital.
- Oi Marina, eles já falaram com você né? Eles só me avisaram depois porque acharam seu nome no celular dele e na carteira, numa foto de vocês dois... - era Felipe, que apesar de falar calmamente, apresentava apreensão em sua postura.
- Como ele tá?
- É difícil, sabe. Ele sofreu um acidente perigoso quando tava voltando pra casa. Pelo que disseram aconteceu mais ou menos assim: Ele tava na moto e tinha parado pra tomar uma água. Ele parecia muito aflito, foi o que disse o carinha que vendeu a garrafa pra ele. Daí ele saiu e bem na hora que ele voltou pra pista, um carro bateu de frente, jogando-o pra longe. A sorte que ele caiu num canteiro de uma das laterais da pista.
- ...
- Quando ele chegou aqui, já tinha perdido muito sangue e foi descoberto que ele tinha sofrido um traumatismo craniano, agora estão fazendo a cirurgia...
Os dois se olhavam e, apesar da total certeza daquela realidade, ambos se perguntavam como isso seria possível.
Horas se passaram, até que o cirurgião deu a notícia de que o estado de saúde de Fernando era estável e que não imaginavam que ele conseguiria ter tanto sucesso no processo cirúrgico, se tratando de tal problema.
Marina ligou para o pai e avisou que ficaria no hospital, esperando por notícias, junto com Felipe.
Na manhã seguinte, o cirurgião disse-lhes que ele ainda estava cedado, mas que logo voltaria a plena consciência.
- Oi, Ju. Ele tá cedado ainda, mas não corre nenhum risco de vida no momento, graças a Deus.
- Ok amiga, qualquer notícia me avise, quando acabar a aula eu passo aí. Beijos.


A tarde, Marina esperava anciosa pela primeira visita em que poderia enfim, ver Fernando. Mas demoraria mais do que ela imaginava...
De repente, seu celular tocou, com um numero desconhecido.
Ela atendeu, sem pensar muito em quem poderia estar te ligando.
- Alô?
- Alô, Marina?
- Sim, é ela.
- Oi.
- Quem é?
- Não reconheceu minha voz, não?
- Ah, sim. Gabriel.

- Até que enfim.
- ...
- Err, liguei pra saber se eu poderia te encontrar agora.
- Olha, eu não tô disposta a te encontrar e..
- Calma, Marina. Não precisa ser tão grossa.
- Você sabe o que eu tô passando e por sua culpa?
- Hein?
- Ontem a noite discuti com o Fernando porque ele me viu voltando com você e tirou suas conclusões precipitadas.
- Ah, é? E o que eu que tenho culpa?
- Você sabe o que aconteceu depois dele ter ido embora? Ele tá acidentado! Ele sofreu um traumatismo craniano, e tudo poderia ter sido evitado se não fosse por você!
- Mas eu...
- Você faz idéia do quanto eu tô sofrendo? Você sabe o que é ver a pessoa que você ama machucada por um desentendimento?
- ...
- Eu quero que você suma da minha vida! Já basta todo o mal que você já me fez.
- Mas Marina, eu não quis...
- Você pode até não ter tido a intenção, eu sei. Mas nada teria acontecido se você não tivesse voltado. Justo agora!
E desligou o telefone antes que ele respondesse quaisquer coisa.
Felipe foi, então, chamado para entrar no quarto do primo, mas cedeu a vez para Marina, que tentava se recompor depois do telefonema, que a deixara ainda mais abalada.
Ela andou por um longo corredor branco, até chegar ao quarto de Fernando.
Ao entrar, o viu deitado, ligado a alguns aparelhos e ainda adormecido.
- Ai, meu amor. Porque isso aconteceu?
E enquanto olhava-o dormindo, sem perceber, deixou que lágrimas derramasse de seus olhos.
Não pôde passar muito tempo ali, e logo teve de sair para que Felipe fosse visitar o primo.


Assim, Marina esperou por uma semana pela melhora de Fernando, indo pelo menos uma vez no dia visitá-lo.
Ele ainda não tinha acordado.
No domingo, depois da missa, Marina foi visitá-lo, levando consigo uma rosa que o Padre havia benzido para ela entregar ao namorado.
- Olá meu amor, olha o que eu trouxe pra você.
E, como se ele estivesse lhe ouvindo, falou sobre a missa e da rosa que haviam lhe mandado entregar.
Ela afagou sua mão, e sentindo uma profunda tristeza, deixou que uma de suas lágrimas derramasse nele.
Então, como num passe de mágica, ele acordou.
Olhou para ela por longos instantes, sem ainda entender tal situação. Até que ela percebeu.
- Meu Deus! Você acordou, Nando! Você acordou!
- Parece que sim.
- Ai meu amor, como eu senti sua falta, como eu pensei que nunca mais poderia te ver...
- Espera só um pouquinho, deixa eu te olhar direito.
Marina se levantou, estranhando tal situação, mas como ele estava cedado há muito tempo, poderia estar voltando a si lentamente.

Mas não foi isso que aconteceu.
- Desculpa, mas não entendo porque você está tão aflita por mim.
- Fernando, você sofreu um acidente horrível e há quase uma semana ficou aqui, internado.
- Sei.
- E eu tava esperando você acordar, meu amor.
- Mas porque?
- Como assim porque?
- Ué, eu não faço a mínima idéia de quem você seja. Como você pode estar tão preocupada comigo se eu não te conheço?
- Fernando... você... não sabe... quem eu sou?
- Eu deveria?
Marina abriu a porta do quarto num rompante, e nem Felipe conseguiu alcançá-la.
Fernando estava vivo, mas não sabia quem ela era.
Havia perdido-o para sempre. Era a unica coisa que lhe passava pela cabeça enquanto corria desesperada, enquanto mais lágrimas rolava do seu rosto.


(continua)

Postado por: Isabela Santiago
Isabela Santiago 16 anos, vários desejos e sonhos e muito pra dizer pra caber nesse pequeno espaço. Aqui no blog faço contos e textos. Prazer, Isabela. :)

3 comentários:

  1. Ai que raiva desse Gabriel, que dó da Marina! Logo agora que ela estava tão envolvida com o Nando!

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  2. Aiii tadinha dela.Quando as coisas iam começar a se acertar acontece isso. Ironia do destino.

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