Invisível (capítulo treze)

- Pode falar - tentei parecer normal.
- Eu e a Paty... - eu sabia que era sobre ela.
- Tudo bem, eu já entendi, você não precisa falar mais nada. Eu te amei, de verdade, eu te amo, mas acho que isso não importa mais, né? Tenho que ir - saí correndo.
- Laís - ele chamou.
Não dei ouvidos, continuei correndo, passei pelo enfermeiro, amigo do Gui e mais uma lágrima escorreu.
- O que que foi? - ele perguntou, mas eu nem parei para dar satisfações.
O Lipe tinha razão, ele sempre tem. Fui uma idiota de ir ao hospital achando que tudo ficaria bem, que era de mim que ele gostava, que um dia eu e ele seríamos 'nós'.
Comecei a andar, só andar, não sabia para onde eu estava indo, as coisas começaram a girar e eu comecei a girar junto. Do nada, tudo congelou, e eu era a única que conseguia andar, falar, respirar. Uma música começou a tocar e eu comecei a dançar, no meio dos carros congelados. Buzinas soaram, fazendo parte da minha música, e aquilo tudo só me convidava à dançar mais e mais. Pessoas gritavam, e eu me envolvia mais ainda, sempre fui apaixonada por dança e dançar no meio da rua era o meu sonho desde pequena, mas meus pais nunca haviam permitido. Hoje os carros estavam parados para mim, eles queriam me ver dançar. Eu obedeci, dancei.
Tudo se moveu e eu fiquei perdida entre o movimento,  apenas vi clarões, eles estavam em todas as partes, em todos os lados; fechei os olhos e caí no chão.
- Laís, Laís - alguém me acordou do meu sonho - graças a Deus, menina.
Era a Pâmella, ela estava ajoelhada no chão, ao meu lado.
- O que você está fazendo ai, Laís? Está super frio e você só com essa blusinha, deitada no chão, o que houve? - ela estava super preocupada.
Sabe, ela era um amor, fiquei feliz por ela estar namorando com o Lipe, eles formavam um casal perfeito. Casal, Guilherme, Patrícia, hospital, beijos, ela, ele, tudo voltou em minha cabeça como se fosse um filme, lágrimas, elas voltaram a cair...
- LAÍS - Pâmella gritou.
- Desculpa, eu preciso ir - levantei e ao dar o primeiro passo, caí no chão.
- Você vai para casa comigo - ela me levantou e me ajudou.
- Não quero atrapalhar, os seus pais... 
- Eles não estão em casa, vamos - pela primeira vez no dia, me senti bem.

- Mas você deixou ele esplicar? - ela perguntou depois de me fazer contar toda a história, de me dar roupas secas, porque estava chovendo, de me fazer um chocolate quente e de ser a amiga que eu sentia falta há muito tempo.
- Ahm... - relembrei a cena e percebi que eu havia saído correndo antes de ele terminar - não - me senti a pior pessoa do mundo e as lágrimas voltaram a se formar em meus olhos.
Pâmella não disse nada, apenas me abraçou.
- Depois você resolve o que fazer, tá? Liga para os seus pais e avisa que você vai dormir aqui hoje.
Fiz o que ela pediu, fiquei lá e ela consegui fazer com que eu ficasse melhor.
- Obrigada - falei.
- Por o que? - ela perguntou.
- Por tudo isso que você fez por mim.
Ela sorriu.
Virei para o lado e dormi, leve, como há anos eu não dormia.

- Laís? - era ele, eu tinha certeza.

(continua)

2 comentários:

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  2. Prontinhu...
    Já te coloquei como parceria...
    Bjus

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