Invisível (capitulo cinco)

O menino mais perfeito que eu já vi pessoalmente; cabelo curto, meio bagunçadinho, uma blusa preta com decote em V, uma camisa xadrez jogada por cima, uma calça preta e um all star. Ele estava arrumando uns papéis na estante e eu fiquei ali, só observando, acho que ele não viu quando eu entrei. Fazia tudo com tanta perfeição, que quando ele virou para trás, levei um susto e deixei meu caderno de desenhos cair no chão.
- Ei, tudo bem? - ele pergunta.
- Ahm, aham - respondo, sem olhar para ele.
- Quer ajuda com isso... uau, você que desenhou? - diz, ao olhar meus rascunhos.
- Aham - repito, ainda sem olhar.
- São muito bons. Prazer, Guilherme - estende a mão.
- Laís - digo, olhando rapidamente.
- Você é a nova estagiária? - ele puxa assunto.
- Sou sim - digo, um pouco mais confiante - você também?
- Não, sou filho da Alexandra - como assim? ela era tão nova. Acho que ele percebe minha cara de espanto quando continua - é, ela me teve com 17 anos - e dá um sorrisinho.
Se eu já estava vermelha, agora eu tava sei lá, roxa, verde, rosa, azul.
- Não, magina, não tenho nada a ver com isso - digo, virando e organizando minhas coisas.
Começo a desenhar qualquer coisa, só para não ter que olhar aquele menino que em cinco minutos, conseguiu fazer com que eu me sentisse diferente.
- Muito bonito - ele fala, por cima de mim.
Eu pulo, não sabia que ele estava ali me observando.
- Oi Laís! - Alexandra diz. Graças a Deus.
- Queria agradecer por me convidar, de verdade - é a primeira coisa que eu falo.
- Esse é meu filho... - ela começa.
- A gente já se conheçeu, mãe - ele diz e sai.
Nem eu nem ela entendemos porque ele fez isso, ele pareceu bravo. Enfim, ela começou a me explicar como funcionaria as aulas, qual a carga horária, o que eu deveria fazer, etc. 
- Por hoje é só, mocinha - diz.
- Mas já? - pergunto, espantada.
- Claro, flor. Hoje era só para apresentar o ateliê, segunda você começa a pegar no pesado - ambas começamos a rir, falo tchau e vou embora.
- Tchau para você também - alguém diz, depois que eu fecho o portão. 
Vejo que é o Guilherme. Nessa luz de final de tarde ele ficava ainda mais bonito. Começo a viajar em meus pensamentos, só acordando quando ele repete:
- Tchau, Laís.
- Ah, tchau - falo e saio o mais rápido que eu posso.

- Alô?
- Felipe? - pergunto.
- Não, você ligou para o meu celular e não sou eu - ele ri.
Normalmente eu respondo, mas hoje eu não estava com cabeça para isso. Apenas digo:
- Estou indo na sua casa - e desligo.

- O que foi, menina? - ele pergunta, assim que abre a porta.
- Primeiro você conta o que tinha pra me contar, depois eu falo.
- Não, pode começar - diz.
- Juntos?
- Ok.
Um, dois, três: - conheci uma pessoa... - falamos juntos.
- Oi? - continuamos juntos.
- Jura? - um olha para a cara do outro e começa a rir.
Conto para ele do Guilherme e ele me conta sobre a Pâmella, a menina incrível que entraria na nossa sala na próxima segunda feira.
- Tá, só não entendi uma coisa - começo - como você sabe da existência dela?
- No dia que eu fui para a escola à tarde, ela estava fazendo matrícula - diz.
- Ah sim - entendi.
Ficamos conversando por mais um tempo, mas já estava ficando tarde, eu precisava voltar para casa.
Começo a andar pela rua e percebo que alguém está me seguindo.

(continua)

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